Ciclo da Vida

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?

By Charles Chaplin

Poema para todas as mulheres

No teu branco seio eu choro. Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altí­ssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ao ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos…
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!

Por Vinícius de Moraes

Poetando

O poeta me falou
para ser antagônico
Ser inspiração dos adolescentes
E viver um amor platônico

Mas calma lá mestre Leminski
É o que eu te disse
Viver desse jeito
É a maior chatice

por Marco, aprendiz de Leminski.

Sossegue

sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora

calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa

Even If I could

As mulheres. Pequenos seres que têm um poder enorme sobre os homens. E quanto menores pior. Muita energia acumulada em pouco espaço. Mesmo princípio da bomba atômica. Não confie em uma palavra delas.
- Oi, te ligo mais tarde.
- Vamos jantar juntos, faça teu melhor prato, abra o seu melhor vinho e me espere.
E o teu melhor prato serve de ração para o cachorro no café da manhã. Isso, é claro, se você tivesse um cachorro. O teu melhor vinho serve de vinagre. E ela, linda como poucas e pequena como muitas, não te atende mais. E as melhores intenções são destruídas.
Existem muitas por aí, diriam os mais conformistas. Realmente. Mas odeio ser feito de otário. Desisti delas, das boas intenções. Vou ser eu. E não vou me importar com o que elas pensam. Mas eu tentei. Porque ela me lembra como era bom descobrir o mundo e ter pouca responsabilidade. Porque ela me lembra que eu ainda não posso me entregar para a idade. E porque ela me lembra as aulas de semiótica. Não que ela seja chata como as aulas. Mas me lembra. Só lembra. Álias, maldita semiótica. Analisar o Gladiador. E nunca mais ver um filme sem entender cada pequena mensagem subliminar. E sempre lembrando da tua cara. Por que você foi cruzar meu caminho? Mas que se foda. Porque meu nome é Maximus Decimus Meridius. E eu terei minha vingança. Nessa vida ou na próxima.